domingo, 25 de maio de 2008

FICUS - A ÁRVORE:


Por razões misteriosas, os seres divinos preferem contactar-nos, no nosso restrito vale-de-lágrimas, junto a árvores. A macieira do paraíso foi instrumento essencial na origem do pecado, momento oportunamente presenciado por uma cobra enroscada nos ramos perfumados de maçã madura; também haveria por perto uma figueira, que forneceu o primeiro pronto-a-vestir da história; por cá, a azinheira da Cova da Iria terá cumprido o seu papel de cenário para as revelações aos pastorinhos, servindo ainda de altar em capela improvisada ao ar livre. A Ficus religiosa faz parte deste clube de testemunhas privilegiadas: a sua presença e sombra terão inspirado sabedoria, sanidade perfeita e uma profunda consciência do universo, e é por isso árvore sagrada nos rituais da religião budista.O género Ficus, da família Moraceae, conta com mais de 1000 espécies, em geral de folha perene, que apreciam climas amenos em regiões tropicais ou subtropicais e são muito usadas como árvores ornamentais. As flores são diminutas e estão ocultas em cápsulas polposas que depois se transformam nos frutos: um doce figo lampo é afinal um estojinho de flores.A espécie religiosa, originária da China e Índia, é inconfundível pelas folhas de base larga, com nervuras bem marcadas, pecíolos compridos - que dão à copa um ar gaiato -, margens inteiras mas onduladas, e um ápice que se estreita abruptamente e se prolonga numa ponta pronunciada. Há notícia de árvores desta espécie, plantadas há centenas de anos em adros de templos budistas na Ásia, que exibem ainda hoje porte magnífico e são referências entre peregrinos. O exemplar mirrado da foto vegeta em lugar de solo pobre e pouco soalheiro no Jardim Botânico do Porto.

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