Há muito tempo atrás, na região hoje conhecida como o País de Gales, vivia a Deusa Cerridwen. Cerridwen tinha dois filhos. Uma filha de nome Creirwy, que era a criatura mais linda e adorável do mundo, e um filho chamado Afagddu que era extremamente feio e estúpido, e cuja aparência causava ânsias em qualquer um que o visse. Visando melhorar a vida de Afagddu, sua mãe resolveu preparar para ele uma poção chamada a "Poção da Inspiração e Conhecimento", que lhe daria todo o conhecimento místico e profano do mundo. Durante a preparação, a poção deveria cozinhar por um ano e um dia, e necessitaria de várias ervas raras. Apenas as três primeiras gotas que fervessem conteriam todo o poder da poção, e o resto seria veneno mortal. Para ajudá-la na preparação, Cerridwen chamou um velho e um garoto de nome Gwion Bach, encarregados de mexer a poção em sua ausência.Na busca pelas ervas raras, Cerridwen teve que se distanciar de sua casa e, exausta pela viagem, adormeceu no último dia em que a poção deveria ferver. Nessa hora, apenas o garoto Gwion mexia a poção, pois se revezava em turnos com o outro ajudante. Subitamente, três gotas quentes espirraram em seu dedo e, instintivamente, ele levou o dedo queimado à boca. Nesse momento ele recebeu toda a sabedoria e inspiração do mundo, e instantaneamente percebeu que Cerridwen já sentira o que ocorrera, e totalmente furiosa já estava vindo para puni-lo. Ele saiu em disparada fugindo dela; assim que a viu em sua perseguição, transformou-se em uma lebre para tentar escapar. Ao mesmo tempo, sua perseguidora se tornou um galgo, correndo atrás da lebre, e quanto mais ele corria mais ela se aproximava. Então a lebre pulou em um rio, e se transformou em um salmão. O galgo por sua vez também pulou no rio e se tornou numa lontra. Então, quando a lontra ameaçava alcançar o salmão, Gwion pulou para fora do rio, e se tornou um corvo. Cerridwen também saltou para o ar, e virou um falcão, perseguindo-o...Ao ver um monte de trigo, ele mergulhou em direção aos grãos e se transformou em um grãozinho. Cerridwen, percebendo o que acontecera, tornou-se uma galinha e começou a comer o monte. Ao final, após comer todos os grãos, ela pensou que tinha se vingado.
Entretanto, alguns meses depois ela percebeu que estava grávida, embora não houvesse se deitado com nenhum homem. Quando constatou que a criança era Gwion, ela decidiu esperar que ele nascesse, para então matá-lo. Por nove meses ponderou sobre sua vingança; mas quando a criança nasceu, Cerridwen viu que ela era extremamente bela, e não teve coragem de matá-la. Então pegou a criança que um dia fora Gwion e o colocou dentro de uma bolsa de couro, que jogou no rio para ser levada pelas águas.
Naquela época havia, na região de Gwynedd, um senhor de terras chamado Gwyddno Garanhir, cujo filho Elphin era tido como a criatura mais azarada que jamais existiu. Havia naquela região uma represa em que sempre houve uma grande pesca de salmão na Véspera do 1º de Maio. Naquele ano, Gwyddno mandou seu azarado filho liderar a pescaria, esperando com isso melhorar sua sorte. Nas Vésperas de Maio, Elphin e dois servos foram até a represa, e uma vez após a outra lançaram a rede na água, porém ela sempre retornava vazia. Os servos já praguejavam, dizendo que Elphin havia estragado a sorte da represa, quando este insistiu em lançar a rede uma vez mais, e presa a ela veio uma bolsa de couro. Apesar dos resmungos de seus servos, que acharam que dentro dela haveria mais azar, Elphin abriu a bolsa, com a esperança de encontrar um tesouro.Para sua surpresa, da bolsa saiu a cabeça de um bebê, e Elphin disse:- Que fronte radiante!E o bebê, com três dias de vida replicou:- Então fronte radiante eu serei!E adotou o nome de Testa Brilhante, ou em Galês, Tal Iesin. Taliesin então mandou Elphin parar de se lamentar, e lhe disse que sua sorte havia mudado, e que ele não precisaria mais se preocupar, pois ele era um Bardo. Elphin então pôs o bebê adiante de si em seu cavalo, e com seus servos retornou para casa. Lá chegando, seu pai Gwyddno questionou sobre a pescaria. Elphin então contou sua história, e apresentou a criança, dizendo que havia pescado um Bardo. Gwyddno perguntou para que serviria um bebê bardo, tendo Elphin uma esposa que poderia lhe dar vários filhos saudáveis. Taliesin então respondeu que Elphin teria mais benefícios tendo-o encontrado, do que Gwyddno havia tido em toda sua vida com a pesca de salmão. Diante do espanto do Senhor, ao ver a criança falar, ele a questionou; e recebeu de Taliesin a resposta de que este lhe era muito mais apto a respondê-lo, do que Gwyddno a interrogá-lo. Elphin e sua esposa adotaram Taliesin, e o criaram como seu filho, e tiveram sorte e prosperidade com a presença dele.
As terras onde eles viviam eram governadas por um rei de nome Maelgwn. Um rei mesquinho, rodeado por uma corte de bajuladores. Quando Taliesin atingiu a idade de treze anos, Elphin recebeu um chamado do rei, convocando-o para as comemorações do Solstício de Inverno. Embora ele preferisse ficar em casa, era parente distante do rei, e além disso devia lealdade a ele. Quando se reuniram, todos começaram a bajular Maelgwn, e competir para ver quem conseguia agradá-lo mais. Mas Elphin, sendo uma pessoa sincera, não diria que os bardos do rei eram mais habilidosos que o seu, ou que a rainha era mais bela que sua esposa. O rei percebeu sua apatia, e lhe perguntou o que estava ocorrendo. A isso Elphin respondeu com a verdade, e que sua esposa era tão bela e virtuosa quanto qualquer homem poderia querer, e que seu bardo era o melhor que havia em toda Gwynedd.Diante de tal sinceridade o rei se enfureceu; mandou prenderem Elphin e atirá-lo nas masmorras até que a falsidade de suas palavras pudesse ser desmentida. Na mesma hora, Taliesin que estava fora de casa, esquiando no gelo, entrou em um transe, e na superfície do gelo viu tudo que havia se passado com Elphin. Assim ele correu para casa e alertou sua mãe adotiva. Maelgwn tinha um filho chamado Rhun, um ser tão revoltante e malicioso, que apenas ser vista ao lado dele arruinaria permanentemente a reputação de qualquer donzela. Rhun foi mandado a casa de Elphin para seduzir a esposa dele. Quando chegou, foi recebido por Taliesin, que lhe fez entrar em casa e sentar-se em um salão onde estava uma mulher vestida com roupas finas, um valioso anel no dedo, e um torque de ouro.
Na mesma hora Rhun pensou no quanto ia ser prazeroso cumprir sua tarefa. A mulher lhe cumprimentou, serviu-o, e ambos cearam juntos. Copo após copo, Rhun dava mais vinho para a mulher visando embriagá-la, até que, quando já estava zonza, ele a convenceu a irem para algum lugar com mais privacidade. Lá ela caiu no sono e Rhun tentou remover o anel de seu dedo. Como não conseguiu, cortou fora o dedo e o levou. Ele voltou rindo para a casa de seu pai, e este se deleitou com o sucesso do filho. Elphin foi chamado, para ser ridicularizado.Quando o rei lhe disse que sua esposa se deitara com Rhun, Elphin lhe pediu provas. O rei respondeu que para ele bastava a palavra de seu filho, mas Elphin insistiu, e disse que em se tratando de Rhun ele precisaria de provas. O anel lhe foi mostrado ainda no dedo, e o rei lhe perguntou se ele negava que o anel era de sua esposa. A isso Elphin respondeu que o anel realmente era de sua esposa, mas o dedo não era, e disso havia três provas.Primeiro, a mão de sua esposa era pequena, e o anel ficava folgado no polegar, mas no dedo mostrado o anel estava tão apertado que não sairia. Segundo, sua esposa cortava as unhas antes de cada Sábado, e a unha do dedo mostrado não havia sido cortada no último mês. E terceiro, eles tinham criados, para que a esposa não precisasse sovar a massa de pão, e na unha havia resquícios de massa crua. Rhun havia trazido o dedo de uma criada, e não da esposa de Elphin.
O rei então se enfureceu, e tendo falhado em humilhar Elphin pela virtude de sua esposa, resolveu desafiá-lo a provar que seu bardo era realmente melhor que os bardos dele. Enquanto Taliesin não chegava, Elphin foi jogado novamente em sua cela. Mas na casa de Elphin, Taliesin já estava se preparando para partir, e sua mãe cuidava da criada que havia ficado com nove dedos. O pequeno Bardo chegou à corte dois dias depois, e sem ser visto passou pelos portões; entrando na sala do trono sentou-se a um canto, longe da vista de todos.
Quando os bardos do rei chegaram, ele bocejou, e fez um encantamento para que eles ficassem diante do rei e tocassem errado, e cantassem algo sem sentido ao invés de louvá-lo. Maelgwn mandou que um de seus guardas acertasse Heinnin Fardd, o chefe de seus bardos, e a pancada conseguiu quebrar o transe o suficiente para que Heinnin Fardd explicasse ao rei que ele e os outros bardos haviam sido enfeitiçados. Então Taliesin apareceu, disse que era o bardo de Elphin, e que havia vindo para lhe salvar a honra e a liberdade. Então Maelgwn perguntou se ele se achava melhor que os bardos do rei, e Taliesin respondeu que ele não era nada perto dele mesmo. Heinnin então sugeriu que, para decidir a questão, fosse feita uma competição. Taliesin aceitou, ele enfrentaria todos os bardos do rei, devendo compor um poema sobre o vento, e sendo o rei o juiz da competição.Maelgwn então disse que os bardos teriam vinte minutos para compor, e Heinnin se desesperou dizendo que era pouco tempo para compor um épico. O rei não lhe deu atenção, e simplesmente lhe ordenou que obedecesse. Então Heinnin se reuniu aos outros bardos, pegaram tomos e pergaminhos com rimas e metáforas e tentaram começar a compor. Mas, enquanto isso, Taliesin estava sentado no chão rindo do desespero deles. Quando o tempo acabou, os bardos do rei fizeram uma linha na frente dele e tentaram apresentar sua canção, mas não conseguiram cantar nem tocar direito, por causa da mágica de Taliesin. Desafinavam, erravam as notas, e o que cantavam não fazia sentido. Isso irritou profundamente o rei, que começou a gritar com seus bardos; eles imploraram por clemência e culparam Taliesin. Este, deitado no chão, ria-se de forma irritante. Então ele se levantou e começou a cantar e tocar.
Encquanto cantava, um grande vento surgiu e sacudiu as fundações do castelo. Maelgwn teve tanto medo que ordeneu que Elphin fosse trazido. Assim que ele chegou, Taliesin fez os ventos pararem e cantou uma nova canção, que fez com que as correntes que prendiam Elphin caíssem ao chão, abertas. Então Taliesin chamou pela esposa de Elphin, e ela entrou no salão com suas mãos levantadas e abertas, de forma que todos vissem que tinha dez dedos. Maelgwn, mais irritado do que jamais estivera, lançou um último desafio: o de que seus cavalos eram melhores que os de Elphin. Taliesin sorriu, e sussurrou no ouvido de Elphin, que o desafio poderia ser aceito, pois ele sabia como fazê-los ganhar. Elphin aceitou, e uma corrida de cavalos foi marcada. A família foi para casa; no dia marcado, voltaram trazendo um velho pangaré. Maelgwn esfregou as mãos em contentamento.Os cavalos largaram, Taliesin cavalgando o velho pangaré Dobbin. Quando cada cavalo do rei o ultrapassava, ele acertava-o no flanco com um graveto encantado, e derrubava o graveto no chão. Os cavalos do rei se distanciaram mais e mais, e ninguém conseguia entender por que Taliesin ainda estava sorrindo. Ele apeou do cavalo e jogou seu manto no chão, sem ninguém compreender o motivo. Quando o velho Dobbin alcançou a metade da pista, Taliesin o deteve para que descansasse.
Os cavalos do rei já há muito os haviam ultrapassado no caminho de volta. Mas, quando cada cavalo chegava perto do graveto com o qual havia sido atingido, ele subitamente se levantava nas patas traseiras e começava a dançar. Toda a corte explodiu em gargalhadas, exceto Maelgwn e Rhun. Taliesin e Dobbin passaram pelos outros cavalos e alcançaram primeiro a linha de chegada. Maelgwn não teve escolha, teve que deixar Elphin e sua família partirem. Já indo embora, Taliesin pediu que Elphin parasse onde sua capa estava, no chão. Mandou alguns homens cavarem no local, e foi encontrada uma grande arca, cheia de tesouros.
Elphin então disse:- Realmente, Taliesin, nunca poderei me arrepender do dia que o pesquei do açude.
É dito que, após seu 13º aniversário, Taliesin se despediu dos pais e partiu em busca de aventura. Tempos depois, ele chegaria à corte do Rei Arthur, de quem seria o principal conselheiro, e junto com quem chegaria até mesmo a visitar Caer Sidhee (Caer Shí), a Terra das Fadas, em uma jornada em que poucos, entre os que partiram, voltariam.
Entretanto, alguns meses depois ela percebeu que estava grávida, embora não houvesse se deitado com nenhum homem. Quando constatou que a criança era Gwion, ela decidiu esperar que ele nascesse, para então matá-lo. Por nove meses ponderou sobre sua vingança; mas quando a criança nasceu, Cerridwen viu que ela era extremamente bela, e não teve coragem de matá-la. Então pegou a criança que um dia fora Gwion e o colocou dentro de uma bolsa de couro, que jogou no rio para ser levada pelas águas.
Naquela época havia, na região de Gwynedd, um senhor de terras chamado Gwyddno Garanhir, cujo filho Elphin era tido como a criatura mais azarada que jamais existiu. Havia naquela região uma represa em que sempre houve uma grande pesca de salmão na Véspera do 1º de Maio. Naquele ano, Gwyddno mandou seu azarado filho liderar a pescaria, esperando com isso melhorar sua sorte. Nas Vésperas de Maio, Elphin e dois servos foram até a represa, e uma vez após a outra lançaram a rede na água, porém ela sempre retornava vazia. Os servos já praguejavam, dizendo que Elphin havia estragado a sorte da represa, quando este insistiu em lançar a rede uma vez mais, e presa a ela veio uma bolsa de couro. Apesar dos resmungos de seus servos, que acharam que dentro dela haveria mais azar, Elphin abriu a bolsa, com a esperança de encontrar um tesouro.Para sua surpresa, da bolsa saiu a cabeça de um bebê, e Elphin disse:- Que fronte radiante!E o bebê, com três dias de vida replicou:- Então fronte radiante eu serei!E adotou o nome de Testa Brilhante, ou em Galês, Tal Iesin. Taliesin então mandou Elphin parar de se lamentar, e lhe disse que sua sorte havia mudado, e que ele não precisaria mais se preocupar, pois ele era um Bardo. Elphin então pôs o bebê adiante de si em seu cavalo, e com seus servos retornou para casa. Lá chegando, seu pai Gwyddno questionou sobre a pescaria. Elphin então contou sua história, e apresentou a criança, dizendo que havia pescado um Bardo. Gwyddno perguntou para que serviria um bebê bardo, tendo Elphin uma esposa que poderia lhe dar vários filhos saudáveis. Taliesin então respondeu que Elphin teria mais benefícios tendo-o encontrado, do que Gwyddno havia tido em toda sua vida com a pesca de salmão. Diante do espanto do Senhor, ao ver a criança falar, ele a questionou; e recebeu de Taliesin a resposta de que este lhe era muito mais apto a respondê-lo, do que Gwyddno a interrogá-lo. Elphin e sua esposa adotaram Taliesin, e o criaram como seu filho, e tiveram sorte e prosperidade com a presença dele.
As terras onde eles viviam eram governadas por um rei de nome Maelgwn. Um rei mesquinho, rodeado por uma corte de bajuladores. Quando Taliesin atingiu a idade de treze anos, Elphin recebeu um chamado do rei, convocando-o para as comemorações do Solstício de Inverno. Embora ele preferisse ficar em casa, era parente distante do rei, e além disso devia lealdade a ele. Quando se reuniram, todos começaram a bajular Maelgwn, e competir para ver quem conseguia agradá-lo mais. Mas Elphin, sendo uma pessoa sincera, não diria que os bardos do rei eram mais habilidosos que o seu, ou que a rainha era mais bela que sua esposa. O rei percebeu sua apatia, e lhe perguntou o que estava ocorrendo. A isso Elphin respondeu com a verdade, e que sua esposa era tão bela e virtuosa quanto qualquer homem poderia querer, e que seu bardo era o melhor que havia em toda Gwynedd.Diante de tal sinceridade o rei se enfureceu; mandou prenderem Elphin e atirá-lo nas masmorras até que a falsidade de suas palavras pudesse ser desmentida. Na mesma hora, Taliesin que estava fora de casa, esquiando no gelo, entrou em um transe, e na superfície do gelo viu tudo que havia se passado com Elphin. Assim ele correu para casa e alertou sua mãe adotiva. Maelgwn tinha um filho chamado Rhun, um ser tão revoltante e malicioso, que apenas ser vista ao lado dele arruinaria permanentemente a reputação de qualquer donzela. Rhun foi mandado a casa de Elphin para seduzir a esposa dele. Quando chegou, foi recebido por Taliesin, que lhe fez entrar em casa e sentar-se em um salão onde estava uma mulher vestida com roupas finas, um valioso anel no dedo, e um torque de ouro.
Na mesma hora Rhun pensou no quanto ia ser prazeroso cumprir sua tarefa. A mulher lhe cumprimentou, serviu-o, e ambos cearam juntos. Copo após copo, Rhun dava mais vinho para a mulher visando embriagá-la, até que, quando já estava zonza, ele a convenceu a irem para algum lugar com mais privacidade. Lá ela caiu no sono e Rhun tentou remover o anel de seu dedo. Como não conseguiu, cortou fora o dedo e o levou. Ele voltou rindo para a casa de seu pai, e este se deleitou com o sucesso do filho. Elphin foi chamado, para ser ridicularizado.Quando o rei lhe disse que sua esposa se deitara com Rhun, Elphin lhe pediu provas. O rei respondeu que para ele bastava a palavra de seu filho, mas Elphin insistiu, e disse que em se tratando de Rhun ele precisaria de provas. O anel lhe foi mostrado ainda no dedo, e o rei lhe perguntou se ele negava que o anel era de sua esposa. A isso Elphin respondeu que o anel realmente era de sua esposa, mas o dedo não era, e disso havia três provas.Primeiro, a mão de sua esposa era pequena, e o anel ficava folgado no polegar, mas no dedo mostrado o anel estava tão apertado que não sairia. Segundo, sua esposa cortava as unhas antes de cada Sábado, e a unha do dedo mostrado não havia sido cortada no último mês. E terceiro, eles tinham criados, para que a esposa não precisasse sovar a massa de pão, e na unha havia resquícios de massa crua. Rhun havia trazido o dedo de uma criada, e não da esposa de Elphin.
O rei então se enfureceu, e tendo falhado em humilhar Elphin pela virtude de sua esposa, resolveu desafiá-lo a provar que seu bardo era realmente melhor que os bardos dele. Enquanto Taliesin não chegava, Elphin foi jogado novamente em sua cela. Mas na casa de Elphin, Taliesin já estava se preparando para partir, e sua mãe cuidava da criada que havia ficado com nove dedos. O pequeno Bardo chegou à corte dois dias depois, e sem ser visto passou pelos portões; entrando na sala do trono sentou-se a um canto, longe da vista de todos.
Quando os bardos do rei chegaram, ele bocejou, e fez um encantamento para que eles ficassem diante do rei e tocassem errado, e cantassem algo sem sentido ao invés de louvá-lo. Maelgwn mandou que um de seus guardas acertasse Heinnin Fardd, o chefe de seus bardos, e a pancada conseguiu quebrar o transe o suficiente para que Heinnin Fardd explicasse ao rei que ele e os outros bardos haviam sido enfeitiçados. Então Taliesin apareceu, disse que era o bardo de Elphin, e que havia vindo para lhe salvar a honra e a liberdade. Então Maelgwn perguntou se ele se achava melhor que os bardos do rei, e Taliesin respondeu que ele não era nada perto dele mesmo. Heinnin então sugeriu que, para decidir a questão, fosse feita uma competição. Taliesin aceitou, ele enfrentaria todos os bardos do rei, devendo compor um poema sobre o vento, e sendo o rei o juiz da competição.Maelgwn então disse que os bardos teriam vinte minutos para compor, e Heinnin se desesperou dizendo que era pouco tempo para compor um épico. O rei não lhe deu atenção, e simplesmente lhe ordenou que obedecesse. Então Heinnin se reuniu aos outros bardos, pegaram tomos e pergaminhos com rimas e metáforas e tentaram começar a compor. Mas, enquanto isso, Taliesin estava sentado no chão rindo do desespero deles. Quando o tempo acabou, os bardos do rei fizeram uma linha na frente dele e tentaram apresentar sua canção, mas não conseguiram cantar nem tocar direito, por causa da mágica de Taliesin. Desafinavam, erravam as notas, e o que cantavam não fazia sentido. Isso irritou profundamente o rei, que começou a gritar com seus bardos; eles imploraram por clemência e culparam Taliesin. Este, deitado no chão, ria-se de forma irritante. Então ele se levantou e começou a cantar e tocar.
Encquanto cantava, um grande vento surgiu e sacudiu as fundações do castelo. Maelgwn teve tanto medo que ordeneu que Elphin fosse trazido. Assim que ele chegou, Taliesin fez os ventos pararem e cantou uma nova canção, que fez com que as correntes que prendiam Elphin caíssem ao chão, abertas. Então Taliesin chamou pela esposa de Elphin, e ela entrou no salão com suas mãos levantadas e abertas, de forma que todos vissem que tinha dez dedos. Maelgwn, mais irritado do que jamais estivera, lançou um último desafio: o de que seus cavalos eram melhores que os de Elphin. Taliesin sorriu, e sussurrou no ouvido de Elphin, que o desafio poderia ser aceito, pois ele sabia como fazê-los ganhar. Elphin aceitou, e uma corrida de cavalos foi marcada. A família foi para casa; no dia marcado, voltaram trazendo um velho pangaré. Maelgwn esfregou as mãos em contentamento.Os cavalos largaram, Taliesin cavalgando o velho pangaré Dobbin. Quando cada cavalo do rei o ultrapassava, ele acertava-o no flanco com um graveto encantado, e derrubava o graveto no chão. Os cavalos do rei se distanciaram mais e mais, e ninguém conseguia entender por que Taliesin ainda estava sorrindo. Ele apeou do cavalo e jogou seu manto no chão, sem ninguém compreender o motivo. Quando o velho Dobbin alcançou a metade da pista, Taliesin o deteve para que descansasse.
Os cavalos do rei já há muito os haviam ultrapassado no caminho de volta. Mas, quando cada cavalo chegava perto do graveto com o qual havia sido atingido, ele subitamente se levantava nas patas traseiras e começava a dançar. Toda a corte explodiu em gargalhadas, exceto Maelgwn e Rhun. Taliesin e Dobbin passaram pelos outros cavalos e alcançaram primeiro a linha de chegada. Maelgwn não teve escolha, teve que deixar Elphin e sua família partirem. Já indo embora, Taliesin pediu que Elphin parasse onde sua capa estava, no chão. Mandou alguns homens cavarem no local, e foi encontrada uma grande arca, cheia de tesouros.
Elphin então disse:- Realmente, Taliesin, nunca poderei me arrepender do dia que o pesquei do açude.
É dito que, após seu 13º aniversário, Taliesin se despediu dos pais e partiu em busca de aventura. Tempos depois, ele chegaria à corte do Rei Arthur, de quem seria o principal conselheiro, e junto com quem chegaria até mesmo a visitar Caer Sidhee (Caer Shí), a Terra das Fadas, em uma jornada em que poucos, entre os que partiram, voltariam.
Merlim era um título dado ao sacerdote mais graduado na religião antiga. O Merlim era como se fosse o representante masculino da Deusa.
Um comentário:
Muuuitoooo bom sério Parabéns
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